sexta-feira, 27 de abril de 2012

Verdades Sombrias

Livrei-me de tudo o que você mais gostava em mim; Permití-me radicalizar; Deixei para trás uma alma copletamente pura e cristalina; Experimentei sentimentos a mim proibidos; Perdí a grande ingenuidade. Um dia em mim existiram asas brancas; Hoje existe apenas a lembrança daquelas; Uma única pena, imaculada e protegida em segredo escondo; Lembrança das asas que de mim foram cruelmente arrancadas; Aquelas asas que me possibilitaram os mais altos vôos; E os mais belos sonhos. Também foram tirados as minhas madeixas angelicais; No chão ao meu redor; Penas, sangue, madeixas e lágrimas; Formaram um tapete; Penas brancas manchadas de sangue e lágrimas; Representavam a transformação da alma. Alma essa que sangrava intensamente; A cada nova transformação; A dor foi o preço da mudança; Chorei ao arrancarem minhas asas; Pena por pena; E ao cortarem meus cabelos; Mas no fim rendí-me ao gosto amargo da dor. Aceitei a transformação; Cuidei do meu corpo, limpei as feridas; Despedí-me de um anjo que eu já não seria mais. Recolhí-me em cantos sombrios e da solidão tornei-me íntimo; Na escuridão noturna me recriei; Da dor e do frio me alimentei; Aos poucos vi um novo menino crescer; Ví belas asas negras surgirem pouco a pouco; E percebí que um novo anjo nascia em mim. Uma nova força; Não mais ingênuo como antes; Nem tão perverso quanto poderia; Entre o bem e o mal; Dominador de um conhecimento próprio; Baseado nas próprias experiências; Primogênito de uma nova geração; Um anjo recém criado.

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