segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Seu eu, no meu.



Eram muitos corpos com rostos sem vidas, que dançavam, passeavam, que até mesmo beijavam-se, sem trocar nomes ou uma única palavra qualquer. Sentia-me sujo, impuro ao pensar que eu era como qualquer um deles. Eu já havia passado por ali, mas continuava a caminhar, buscando. Alguns sorriam para mim, eu retribuía os sorrisos, mas sabia que o meu sorriso era tão artificial quanto os que eu recebia, caminhava, pois não podia parar!
Numa janela, meu rosto refletindo no vidro, sem vida; tentei sorrir, era como estar vendo um manequim em uma vitrine sorrindo para os passantes, um sorriso insensível, sem emoção, sem sentimentos, totalmente impenetrável. Isso me fez sentir pena de todos os outros, eram tão falsos quanto eu, tão manequins quanto; sendo fantoches de uma vida fútil, da cruel aparência, sim, cruel, controlando-os, fazendo-os com que acreditassem estar vivos, e na sua essência: acreditavam em uma falsa alegria.

Mas eu descobri a verdade, descobri a cura, só precisava encontrá-la, cada um a encontrou de uma forma única, diferente até épocas diferentes.
A cura é responsável por fazer o mundo girar, é maior do que tudo o que existe, o mais bonito, o mais forte, o que faz as pessoas se libertarem para viverem a verdade que existe dentro de si, livres para a verdade do que realmente são.
A cura é um dos maiores sentimentos, diria um dos mais puros, um caminho para o amor.
Ah, o amor... o procurei durante tanto tempo. Tinha perdido as esperanças, até que quando menos esperava, em meio a tantas pessoas, o encontrei. A cura permitiu que o amor me olhasse nos olhos, com olhos tímidos, olhos tão profundos que me diziam tudo sem pronúncias verbais. E naquela comunicação não verbal, me vi refletido em seus olhos, não era mais um rosto sem vida, havia vida, havia algo, além disso, estava radiante, meu sorriso? O mais sincero, havia cura, havia amor!
Daí, eu me amava e estava pronto para amar, o amor beijou-me e pude corresponder ao melhor beijo de toda minha vida, eu poderia morrer naquele momento e seria feliz; mas era impossível morrer, sentia cada partícula de vida correr em meu corpo.
O maior desejo era viver, sim, era viver e amar. Seu beijo era respectivamente doce e picante e me diziam tantas coisas, coisas que não poderiam ser representadas por palavras; era puro e cheio de desejos, desejos que eu queria corresponder, desejos que me fizeram mais vivo do que nunca.
Era como sentir a brisa suave brincar com meus cabelos em uma manhã de sol na beira do mar, era como olhar o mar com suas magníficas ondas que iam e vinham, mas que nunca partiam de vez. Como deitar na grama, numa sombra maravilhosa e imaginar diversas formas nas nuvens. Como voar sem precisar de asas e não se cansar nunca. Era sentir o ar entrando e saindo dos meus pulmões sempre calmos e repetidamente, e saber que a vida dependia disto.
Agora que encontrei o que tanto busquei, o amor. Sou livre para me amar e amar você, que foi a responsável por me curar com o “seu eu”.
Sou livre para caminhar de mãos dadas com você e sorrir o sorriso mais sincero. Desejo que isso não mude, que eu possa sempre olhar em teus olhos tão profundos e entender tudo o que não precisa ser falado, que os seus beijos sejam e que me mostrem sempre quão prazeroso é viver e que o calor dos seus braços a envolver-me me lembre do calor produzido pelo sol da manhã.
E com toda certeza do mundo eu amo viver, principalmente viver o amor que sinto por você!

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